Monday, December 08, 2014

Old but Gold.../ Entrevista antiga de Cate Blanchett para a revista Época (2009)

Em 2009, a revista Época publicou essa entrevista com Cate Blanchett. Confiram o que foi dito exclusivamente para a reportagem da Época, pois não é todo dia que vemos material da atriz australiana por cá. 

PS: Ainda estou chateada por não ter visto Cate durante a copa no Brasil. Radar falhou total.

Entrevista com a atriz Cate Blanchett   (Source)
Revista Época


Não foi à toa que Cate Blanchett foi apelidada pelos críticos como The Great Cate (A Grande Cate), numa alusão à imperatriz russa Catarina II. Com pele translúcida, gestos - e pescoço - elegantes, dicção e postura impecavéis, essa atriz australiana é uma das raras intérpretes a exalar e traduzir a qualidade de realeza em suas pungentes performances. Antes dela, somente Vanessa Redgrave parecia ocupar esse posto. Longe das telas e do palco, Cate, que é casada com o dramaturgo inglês* Andrew Upton, com quem tem dois** filhos, continua a ser grande com sua elegância, seriedade e gestos imponentes. A atriz, que usava um terno cinza de lã, falou com a reportagem da ÉPOCA numa suíte do não menos imponente cinco-estrela Waldorf-Astoria.

ÉPOCA: Ao interpretar uma personagem como a de Notas de um Escândalo, de uma professora que seduz um estudante menor de idade, é possível justificar para si mesma as ações dela?

Cate Blanchett: Acho que é importante fazer esse tipo de pergunta, mas não necessariamente respondê-la. As ambigüidades necessitam respirar. Uma vez que Sheba mergulha nesse relacionamento, ela pula de um precípicio. E uma vez feito isso, não existe mais o caminho de volta. A ferida está aberta e não há uma maneira de suturá-la, não importando se o romance com o jovem aluno terminou ou não. Sheba se considera uma boa esposa e uma boa mãe, mas existe um lado dela que quer mandar tudo aquilo para o inferno. Acredito que muita gente seja assim.

ÉPOCA: Foi difícil simpatizar com uma personagem assim?

Cate Blanchett: Muito. Meu primeiro instinto, e o que se tornou muito importante para mim durante as filmagens, foi suspender qualquer julgamento moral que eu teria sobre tal mulher. Não há como defender os atos dela e acho que o filme nem tenta fazer isso. O mais importante é que o romance dela com o garoto é o catalisador que a coloca nos braços de Barbara (Judi Dench). Esse é o grande drama. Quando entendi finalmente que Sheba era uma pessoa incrivelmente perdida, como uma bomba próxima a explodir, finalmente encontrei meu caminho na história.

ÉPOCA: O que essas mulheres realmente vêem uma na outra?

Cate Blanchett: Minha personagem sente pena de Barbara e não tem a mais remota idéia do quão longe Barbara é capaz de chegar para feri-la. Pela perspectiva de Barbara, Sheba é essa mulher burguesa que tem um casamento perfeito e está cercada por pessoas que a adoram. Barbara totalmente subestima o quanto profundamente isolada minha personagem se encontra.

ÉPOCA: Como foi rodar a cena em que você enfrenta Judi Dench fisicamente? 

Cate Blanchett: Bem, Judi é boa de briga. Tivemos que rodar a cena várias vezes e ela tem essa mão certeira de tartaruga ninja (risos). Tenho que jogá-la contra a estante e a gente odiava estar fazendo isso. A briga toda é um acúmulo do absurdo da situação, das coisas horríveis que elas estão falando uma para a outra. É um brilhante roteiro com grandes diálogos.

ÉPOCA: Recentemente você se tornou diretora-criativa de uma companhia teatral na Austrália. 

Cate Blanchett: Teatro sempre foi minha paixão. Eu estudei teatro toda minha vida. Sempre tive uma extensa carreira no teatro. A grande ironia é que, anos atrás, meu agente começou a me pressionar para fazer um filme. E hoje eu sou mais reconhecida internacionalmente como uma atriz de cinema. É tudo culpa da freqüência teatral que é ínfima se comparada à dos cinemas (risos).

ÉPOCA: Mas deve ser extenuante conciliar essas duas carreiras, principalmente com a quantidade de filmes que você vem fazendo.

Cate Blanchett: O teatro tem uma longa história de atores-dramaturgos que dirigiram companhias próprias, como Molière e Shakespeare. Não que estou me comparando a esses nomes. Mas meu marido, que é dramaturgo, e eu adoramos cuidar de todos os aspectos da produção teatral e achamos que essas funções não são mutualmente excludentes.

ÉPOCA: Vencer um Oscar pode mudar totalmente a carreira de um ator. Como avalia sua experiência ao ganhar um pelo papel de Katharine Hepburn em O Aviador, de Martin Scorsese?

Cate Blanchett: (pensativa) Não sei dizer. Jamais poderia imaginar que ia vencer, pois, naquele ano, os estúdios lançaram três filmes em que eu aparecia quase que simultaneamente. Eles foram lançados em dezembro para terem chances no Oscar. Achei que essa estratégia iria funcionar como uma auto-sabotagem e estava esperando por um resultado negativo. O que me lembro sobre ganhar o Oscar foi uma sensação de alívio por algo que não sei descrever. Ou seja, minha maior memória sobre o Oscar é um grande "oooooooh" (risos).

ÉPOCA: Críticos e público parecem totalmente seduzidos por suas performances. Você tem noção de que é uma grande atriz?

Cate Blanchett: Não presto atenção nisso. Alguém já disse que o segredo de um ator é não levar seu trabalho muito a sério. Particularmente, eu levo meu trabalho bastante a sério, sempre tentando ver as minhas falhas. Mas ao fazer essa autocrítica racional, sempre estou distanciando minha pessoa da personagem. É como se encarnasse um crítico analisando o meu trabalho. Talvez seja esse processo, o de tentar preencher as rachaduras, que me mantenha ativa nessa profissão.

ÉPOCA: Recentenmente, você interpretou Bob Dylan no cinema. Repito: Bob Dylan. Como foi essa experiência?

Cate Blanchett: (risos) Talvez esteja sendo um pouco perversa comigo mesma, mas tendo a aceitar papéis que acredito impossíveis de fazer. O filme sobre Bob Dylan é uma incrível idéia do diretor Todd Haynes de contar a história sobre o espírito de Bob Dylan, que é tão elusivo, mercúrico e onipotente. Seis atores interpretam Dylan no filme. Christian Bale é um envangélico de TV, Heath Ledger interpreta o lado ator de Dylan, um incrível jovem ator negro interpreta Woody Guthrie encarnando Dylan. E eu faço a fase rock star de Dylan. Ao justapor essas personas, talvez você possa ficar um pouco mais perto da essência de Dylan. Mas quem sabe se isso vai dar certo. Dylan muda sua essência toda semana(risos).

*Andrew é na verdade australiano.
*** Cate tem três filhos. O mais novo nasceu em 2008.

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